Se por um lado há falta de preparo por parte de muitos pregadores sobre os púlpitos (leia aqui), de outro há uma tendência em achar que o que a igreja precisa mais é de homens cheios de informações para derramá-las sobre seus ouvintes. Nada mais equivocado!
Décadas atrás a maioria dos pregadores pentecostais era gente humilde, de vocabulário limitado e "pouca cultura". No entanto, não faltava a eles o ardor, a fé, a dedicação a Deus. Criam piamente nas narrativas bíblicas e vivenciavam milagres. Fato é que a limitação quanto ao significado real de alguns textos bíblicos criava "doutrinas" estranhas, embora pudesse haver sinceridade mesmo na interpretação equivocada (o que não afasta o erro). Hoje aberrações teológicas são produzidas pelo "excesso de conhecimento" e "habilidades hermenêuticas".
Não ocupamos mais os extremos, mas temos nos púlpitos das igrejas evangélicas pentecostais de tudo que se possa imaginar: pentecostal calvinista (mesmo sem saber o que isso significa repete o que os ícones reformados apresentam pela internet); pentecostal arminiano (defende pontos expostos pelo arminianismo, mas não sabe, em alguns casos, que o faz); pentecostal neopentecostal (adepto do sincretismo que dá ibope em outros arrais ditos cristãos), e por aí vai, não há um padrão, não há equilíbrio de forma geral, mais muita confusão.
Um conselho que penso ser útil seria observar o que foi posto pelos apóstolos na instituição dos diáconos, em At 6.4. Dada a procedência divina do Texto Sagrado é necessário achegar-se a ele tendo em mente tratar-se justamente disto, a saber: de algo que foi dado pelo próprio Deus. Isto deveria imprimir humildade e temor no leitor, muito mais ao se colocar como arauto a fim de anunciar aos ouvintes o que Deus estaria dizendo por meio do Texto. Quanto ao escrito de At. 6.4 os apóstolos decidiram que deveria haver:
1) consagração à oração;
2) consagração ao ministério da palavra.
Em tempos de confusão é muito mais urgente achegar-se ao Texto Bíblico somente depois da oração; oração sincera; oração como reconhecimento da limitação humana ante algo dado pelo Senhor dos céus e da terra. Os que desejam ser fieis em sua missão de anunciadores do Conselho Divino estarão dispostos a observar este modelo, já os negligentes e que fazem do povo comércio continuarão em seu exercício "hermenêutico lucrativo", pois o pensar que a vontade de Deus pode confrontar seus interesses faz, de plano, que descartem buscar a vontade deste.