Introdução
Os fatos narrados antes dos descritos na passagem em análise mostram Jesus perante Pilatos e, mesmo este não achando mal nenhum no Senhor, o
povo pediu que fosse crucificado e solto o homicida Barrabás. Satisfazendo a
vontade do povo, Pilatos manda soltar o criminoso e a Jesus entrega à vontade da
multidão.
O texto da crucificação de Jesus é
conhecido por todos nós; está registrado em todos os Evangelhos, mas dentre os
registros só Lucas relata o diálogo dos dois malfeitores ao lado de Jesus.
A princípio parece que os dois malfeitores (ou ladrões?) injuriaram Jesus, mas
depois, por algum motivo, um deles reconheceu que Cristo era o filho de
Deus e no diálogo destes dois homens há importantes observações e lições que se
aplicam à nossa vida.
I.
Dois malfeitores, as autoridades e os
soldados.
(vv. 32,33) No versículo 32 Lucas identifica
que mais duas pessoas, além de Jesus, foram também levadas para a crucificação;
eram malfeitores, criminosos dignos de morte segundo a lei daquele povo. O versículo
33 reafirma que eram malfeitores, e que foram crucificados ao lado de Jesus, um
à direita e outra à esquerda. Cumpria-se ali o profetizado por Isaías (cf. Is 53.12)
(v. 34) Apesar de crucificado,
entregue à morte, Jesus roga ao pai o perdão sobre os que lhe injustamente
faziam mal.
(v. 35) As autoridades zombavam de
Cristo e lhe disseram que se fosse Deus deveria salvar-se, ou seja, descer
da cruz; só assim iriam crer (cf. Mt 27.42).
(vv. 36, 37) Também os soldados
disseram o mesmo: "se és o rei dos judeus salva-te a ti mesmo". E isto se deu
pois Jesus pregava a salvação aos que nele cressem, agora usam isto para dizer
a Cristo que deve salvar-se também.
(v. 38) Chamaram-no rei, mas
debochando do que Ele pregava a seu respeito, não porque criam que o fosse.
II.
O diálogo entre os malfeitores.
(v. 39) Agora, eram três homens
pendurados no madeiro, expostos à vergonha diante de uma multidão (v. 27).
Naquela circunstância um dos
malfeitores inicia um diálogo e, assim como as autoridades e os soldados,
dirige-se a Jesus e diz que se Cristo fosse Filho de Deus deveria salvar-se e
também a eles [criminosos crucificados]. O ladrão vê na ocasião uma possibilidade de Cristo descer
da cruz e também livrá-lo e ao outro malfeitor.
O ladrão questiona a deidade de
Cristo, sua filiação divina e se de fato era quem dissera ser todos os dias que
esteve na terra. Mas, para provar que era Deus deveria descer daquela cruz,
caso contrário não o seria.
Na verdade, o criminoso não estava
interessado em saber se Jesus de fato era o Cristo, mas via naquilo uma última
chance ser salvo também, afinal, sua condenação o levaria dentro instantes à
morte; queria que Jesus atendesse seu mais íntimo e antropocêntrico desejo: o
de ser salvo da condenação mesmo sendo devida.
Não estava interessado no cumprimento
da lei e dos profetas, mas sim que Deus saciasse seu desejo. É assim hoje? Você procura ao Senhor para
que? Para que Ele satisfaça tuas vontades ou para que você como servo o
obedeça? Talvez parte dos problemas de alguns cristãos são gerados por crerem
que Deus deve atendê-los em tudo.
* Segundo Mateus e Marcos os dois
ladrões injuriavam o Senhor, contudo, vemos a mudança de comportamento em um
deles, pois deixara de zombar do Senhor e vira sua própria condição detestável,
assim, arrepende-se e crê no Senhor.
(v. 40. 41) O outro malfeitor
repreende o primeiro questionando se não temia a Deus.
Este transgressor temeu a Deus; ao primeiro malfeitor faltou temor. A falta de temor a
Deus, de conhecimento acerca Dele, leva-nos a orar de forma errada, leva-nos a
pedir de maneira equivocada. Não vês o primeiro ladrão? Sua falta de temor e
conhecimento acerca de Deus o levou a pedir para satisfazer seu próprio
interesse, neste sentido Tiago diz: 4.3- “Pedis
e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres”.
O que diziam as Escrituras acerca do
Cristo? Deveriam saber. O que diz a Bíblia acerca do nosso Senhor? Devemos saber
para pedir bem, orarmos melhor. Nós devemos servir a Cristo e Sua igreja, e não sermos por eles servidos.
O conhecimento de Deus leva-nos a
orar como é devido, a termos sentimentos e desejos que decorrem de Deus e, assim,
pedirmos o que é da vontade Dele e sermos satisfeitos Nele. O problema naquele pecador
interesseiro não estava em Cristo não atender seu pedido, mas no fato de pedir
algo que não procedia de Deus, daí o motivo de não ser atendido.
O segundo malfeitor:
Reconheceu sua
culpa: em seguida, afirma que a condenação que sofriam os criminosos era devida,
pois eram merecedores em virtude do mal que fizeram;
“Defendeu”
sua fé em Cristo e o que Ele é, pois estavam sendo mortos justamente, mas Cristo, este era justo e não merecia
tamanha injustiça. Naquela situação difícil teve forças para confessar
Cristo seu Senhor, assim como muitos homens de Deus no passado, que mesmo em
situação adversa confessaram Cristo. Porque situações tão pequenas às vezes
fazem-nos ter a fé abalada? Às vezes por pouca coisa nega-se o Senhor.
III.
O malfeitor confessa a Cristo como
Rei.
(v. 42) O ladrão arrependido agora reconhece a realeza de Cristo, pois
confessou que Cristo tinha um reino, que era Senhor. Talvez se lembrou do Salmo
24: “levantai ó portas as vossas cabeças,
para que entre o REI DA GLÓRIA”.
Creu que um dia o Senhor voltaria,
ainda que morresse; creu que ressuscitaria pois disse que retornaria em Seu
Reino.
Este malfeitor não importava em voltar
ao mundo de pecados, de descer da cruz e ter satisfeito seus desejos. Na verdade, quem creu no Senhor e o tem
como Salvador, de fato, não está tão interessado a voltar às práticas
anteriores, ainda que diante da morte esta é lucro e o viver deve ser para
Cristo, pois elas [ as velhas práticas], morreram, tudo se fez novo, quem furtava
não furte mais (Ef 4.28), quem mentia não minta mais...
Também podemos entender que o ladrão
dizia: ainda que não me tires esta dor agora; ainda que sinta horríveis dores
até morrer, quando vieres no Teu Reino, lembra-te de mim, ou seja, Tu és tão
grande, és Rei, tens um Reino, servos, criastes a terra, humilho-me perante ti,
salva-me.
IV.
A manifestação de Cristo.
(v. 43) A fé daquele homem toca o
Senhor; Cristo sonda-lhe o coração e vê que aquele homem creu, por isso
promete-lhe a salvação, na verdade salva-o naquele instante.
A salvação é condicionada ao crer no
Senhor, e quem de fato crê O obedece, pois lhe reconhece o senhorio.
Cristo sabia o que se passava no
coração dos dois crucificados; a um só deles dirigiu a palavra; o outro, por não
crer já estava condenado.
Só a voz de Cristo pode trazer a paz
em meio à tormenta; naquela hora o malfeitor que creu nada mais disse,
calou-se, talvez expirou. Talvez ninguém consiga consolar-te na tua dor, mas
Cristo pode dar paz a você, pode confortar-lhe o coração mesmo em meio ao mar
bravio. À viúva de Nain Ele disse não chores; às irmãs de Lázaro que Ele viveria
(mesmo estando morto); aos pais da menina morta, que ela dormia.
Mas é preciso que você se aproxime
dele crendo que Ele é Senhor e não buscando apenas satisfazer seus desejos
pessoais e depois ir embora. Será que se Cristo descesse da cruz e salvasse aqueles criminosos, o que lhe afrontou se tornaria um discípulo fiel? Se conceder tanto o
que você pede, você vai continuar servindo-o? Vai ser mais fiel?
Após aquele diálogo Cristo rende o
espírito e morre. Não tiveram outra oportunidade para examinar a fé que tinham
no filho de Deus e mudarem de ideia. Um dos ladrões passou a Crer em Cristo. E
você, hoje pode rever seus conceitos, tudo que creu e como se aproximou do
Senhor. O que Ele representa
pra você? O que seu nascimento e morte importam? Em uma fonte de satisfação de
desejos, ou mostra de uma vez por todas que Ele é Senhor, Rei, que voltará?
V.
Conclusão
Não há maior vitória para o homem do
que crer que Ele é Senhor, apesar da adversidade, ainda que morramos.
Mas ainda hoje, o Senhor nos chama ao arrependimento, ao
coração contrito, quebrantado. Se assim nos apresentarmos diante dele, se
confiarmos a Ele nosso coração, se entregarmos a Ele nosso caminho Ele tudo
fará. Se nos humilharmos sob Suas potentes mãos, Ele nos exaltará em tempo
oportuno. Mas importa primeiramente que nos aproximemos Dele com fé,
crendo que é o filho de Deus.
Teus anseios e pedidos devem ser confiados a Deus que não erra; que é
Senhor; que cuida daqueles que o amam, que o temem. Pois Ele tem pensamentos
mais altos que o teu; Sua vontade é boa, perfeita e agradável.
Ao se aproximar Dele, reconheça que você é pecador, que Dele necessita da misericórdia e peça sabiamente.