Considerando que a revista Lições Bíblicas/ Jovens deste trimestre trabalha o tema "Estabelecendo relacionamentos saudáveis - Vivendo e Aprendendo a Viver", transcrevo abaixo respostas do Pr. César Moisés Carvalho ao jornal O Globo e que podem ser pensadas juntamente com o tema trimestral da juventude:
"RESPOSTAS A QUESTÕES CONFLITANTES
No último sábado fui
procurado pelo Jornal O Globo para falar sobre algumas questões
conflitantes que são tratadas sob a rubrica dos "direitos humanos".
Abaixo, algumas das questões e as respostas (o parêntese na segunda
questão é meu):
COMO DEVE SER O RELACIONAMENTO DO CRENTE COM PESSOAS DE OUTRAS RELIGIÕES?
Cordial, respeitoso e educado. Assim como todos os demais
relacionamentos que desenvolvemos na sociedade. É imprescindível que as
pessoas de uma sociedade plural saibam se respeitar. Quem ostenta
convicções religiosas deve ser capaz de sustentá-las sem medo, ao mesmo
tempo em que precisa ― mesmo não concordando com os pontos de vista de
outras religiões ―, opor-se a qualquer espécie de violência (simbólica
ou verbal) ou incitação de ódio. Assim, se o meu colega de trabalho, ou
vizinho, professa outra religião, não tenho direito algum de
hostilizá-lo ou discriminá-lo por isso. Aliás, se realmente tenho o
Evangelho de Cristo em minha vida, devo cumprimentá-lo, dirigir-lhe a
palavra e tratá-lo como Jesus o faria.
E QUANTO AO DIÁLOGO (INTERRELIGIOSO)?
Do crente com pessoas de outras religiões? Impossível. Toda religião
conversionista pensa em termos de “cooptação” e nunca de “cooperação”.
Para que as religiões dialoguem “religiosamente” (sendo redundante) é
preciso haver “pontos de contato” entre elas, ou seja, convicções e
doutrinas que tenham conteúdo semelhante ou similar. Tal tem sido
praticamente impossível dentro da própria religião cristã entre as suas
múltiplas confissões de fé! Aliás, em uma mesma denominação! Assim, se a
questão dissesse respeito a problemas éticos e morais, poderia haver um
diálogo e, certamente, muitos pontos de convergência, pois geralmente
todas as religiões pensam em promover a paz e a boa ordem no mundo, mas
fora isso todos sabem que é impossível.
E QUANTO À APROVAÇÃO DE LEIS CONFLITANTES?
A vida em sociedade, sobretudo plural, deve ser marcada pelo respeito.
Informação é fundamental para que a sociedade civil decida o que
realmente pensa a respeito de qualquer assunto. Isso se torna ainda mais
obrigatório se o tema é conflitante e envolve decisões a respeito da
vida. Tal processo de informar não pode dar-se no nível do proselitismo,
seja ele progressista ou conservador, pois nesse caso não se está
informando e sim “catequisando”. A aprovação de uma lei não pode ficar
refém de nenhuma das partes, mas deve contemplar, com responsabilidade,
as pessoas que mais necessitam dela. Sou terminantemente contrário ao
aborto, por exemplo. Mas e se o caso envolver uma violência de incapaz?
Se for um estupro? E se uma criança (de nove ou dez anos que
precocemente entrou na fase da puberdade) engravidar do próprio pai ou
padrasto? A questão deve ser discutida com responsabilidade e não de
forma ideologizada.
VOCÊ SE DEFINE COMO PROGRESSISTA OU CONSERVADOR?
Nenhum dos dois. Principalmente porque, com a polarização da política
brasileira, o progressismo está relacionado ao PT e o conservadorismo
com o PSDB. Tenho valores, contudo, não vou impô-los a ninguém e, da
mesma forma, não aceito alguém impor os dele a mim. De minha parte,
prefiro um estado laico a um religioso. Procuro ser equilibrado, pois
entendo que algumas pessoas tiram proveito da polarização dos
evangélicos e com defensores das causas chamadas de "política de
minorias". Sou contra o proselitismo religioso em espaços públicos como
na escola, por exemplo, e da mesma forma sou contrário ao proselitismo
homossexual que alguns querem impor nesse mesmo espaço."
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