segunda-feira, 5 de outubro de 2015

QUESTÕES CONFLITANTES - PR. CÉSAR MOISÉS CARVALHO

Considerando que a revista Lições Bíblicas/ Jovens deste trimestre trabalha o tema "Estabelecendo relacionamentos saudáveis - Vivendo e Aprendendo a Viver", transcrevo abaixo respostas do Pr. César Moisés Carvalho ao jornal O Globo e que podem ser pensadas juntamente com o tema trimestral da juventude:

"RESPOSTAS A QUESTÕES CONFLITANTES

No último sábado fui procurado pelo Jornal O Globo para falar sobre algumas questões conflitantes que são tratadas sob a rubrica dos "direitos humanos". Abaixo, algumas das questões e as respostas (o parêntese na segunda questão é meu):

COMO DEVE SER O RELACIONAMENTO DO CRENTE COM PESSOAS DE OUTRAS RELIGIÕES?


Cordial, respeitoso e educado. Assim como todos os demais relacionamentos que desenvolvemos na sociedade. É imprescindível que as pessoas de uma sociedade plural saibam se respeitar. Quem ostenta convicções religiosas deve ser capaz de sustentá-las sem medo, ao mesmo tempo em que precisa ― mesmo não concordando com os pontos de vista de outras religiões ―, opor-se a qualquer espécie de violência (simbólica ou verbal) ou incitação de ódio. Assim, se o meu colega de trabalho, ou vizinho, professa outra religião, não tenho direito algum de hostilizá-lo ou discriminá-lo por isso. Aliás, se realmente tenho o Evangelho de Cristo em minha vida, devo cumprimentá-lo, dirigir-lhe a palavra e tratá-lo como Jesus o faria.


E QUANTO AO DIÁLOGO (INTERRELIGIOSO)?


Do crente com pessoas de outras religiões? Impossível. Toda religião conversionista pensa em termos de “cooptação” e nunca de “cooperação”. Para que as religiões dialoguem “religiosamente” (sendo redundante) é preciso haver “pontos de contato” entre elas, ou seja, convicções e doutrinas que tenham conteúdo semelhante ou similar. Tal tem sido praticamente impossível dentro da própria religião cristã entre as suas múltiplas confissões de fé! Aliás, em uma mesma denominação! Assim, se a questão dissesse respeito a problemas éticos e morais, poderia haver um diálogo e, certamente, muitos pontos de convergência, pois geralmente todas as religiões pensam em promover a paz e a boa ordem no mundo, mas fora isso todos sabem que é impossível.


E QUANTO À APROVAÇÃO DE LEIS CONFLITANTES?


A vida em sociedade, sobretudo plural, deve ser marcada pelo respeito. Informação é fundamental para que a sociedade civil decida o que realmente pensa a respeito de qualquer assunto. Isso se torna ainda mais obrigatório se o tema é conflitante e envolve decisões a respeito da vida. Tal processo de informar não pode dar-se no nível do proselitismo, seja ele progressista ou conservador, pois nesse caso não se está informando e sim “catequisando”. A aprovação de uma lei não pode ficar refém de nenhuma das partes, mas deve contemplar, com responsabilidade, as pessoas que mais necessitam dela. Sou terminantemente contrário ao aborto, por exemplo. Mas e se o caso envolver uma violência de incapaz? Se for um estupro? E se uma criança (de nove ou dez anos que precocemente entrou na fase da puberdade) engravidar do próprio pai ou padrasto? A questão deve ser discutida com responsabilidade e não de forma ideologizada.


VOCÊ SE DEFINE COMO PROGRESSISTA OU CONSERVADOR?


Nenhum dos dois. Principalmente porque, com a polarização da política brasileira, o progressismo está relacionado ao PT e o conservadorismo com o PSDB. Tenho valores, contudo, não vou impô-los a ninguém e, da mesma forma, não aceito alguém impor os dele a mim. De minha parte, prefiro um estado laico a um religioso. Procuro ser equilibrado, pois entendo que algumas pessoas tiram proveito da polarização dos evangélicos e com defensores das causas chamadas de "política de minorias". Sou contra o proselitismo religioso em espaços públicos como na escola, por exemplo, e da mesma forma sou contrário ao proselitismo homossexual que alguns querem impor nesse mesmo espaço."

Disponível em: https://www.facebook.com/cesarmoisescarvalho/posts/1018717424819604


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