Na
última semana, o plenário da Câmara de Deputados elegeu como seu presidente o
Deputado Federal Rodrigo Maia. Maia assume a presidência após o longo e trágico
episódio envolvendo o ex-presidente da Casa, Eduardo Cunha; aliás, a novela de
Cunha continua, noutros aspectos, e promete muitos capítulos ainda.
O
cenário atual é propício para tocar em um assunto já conhecido no meio cristão,
mas que ainda encontra muita resistência: a igreja e a política.
Política
é algo bom, necessário, que acontece todos os dias em todos os lugares, até
mesmo nas igrejas. Correto? Basta verificar o sentido da expressão: “1. Conjunto dos fenômenos e das
práticas relativos ao Estado ou a uma sociedade. 2. Arte e ciência de em governar, de cuidar dos negócios públicos. 3. Qualquer modalidade do exercíco da
política. 4. Habilidade no trato das
relações humanas. Mode acertado d conduzir uma negociação, estratégia.”[1]
Por
outro lado, politicagem é algo bem
diferente segundo o mesmo dicionário: “política mesquinha, estreita.”
Alguns
cristãos talvez julguem ser blasfêmia, mas política é algo bíblico, é necessário,
é vontade de Deus que seja exercida. Destaca-se o conceito de que política é a
“arte e ciência de governar, de cuidar
dos negócios públicos”. Neste sentido, a política deve ser feita em todos
os ambientes, até no eclesiástico. Sim, gerir bem, administrar com habilidades,
por meios lícitos e para finalidades louváveis deve ser algo até mesmo do pai
de família, quanto mais dos líderes religiosos! Já a politicagem... esta sim
assombra a muitos e também aos cristãos, daí a rejeição do tema política, mas
não por ser esta ruim, perniciosa, mas em razão de ser conhecida muito mais
pelo exercício da politicagem.
Voltando
ao caso do novo presidente da Casa legislativa, vale observar que em nosso país
o Poder Legislativo, encarregado, dentre outras coisas, de legislar, é composto
de duas casas: Câmara dos Deputados (com 513 membros, representantes do povo) e
Senado Federal (composto de 81 membros, representantes dos Estados e do DF).
Este foi estabelecido como casa revisora e aquela como casa iniciadora, haja
vista na maioria das vezes o processo legislativo ter início na Câmara. Maia
presidirá então, a Casa com maior visibilidade política e grande responsável
por tratar de temas relevantes para o país, os quais devem ser regulados por
lei.
Na
última segunda, 18/07/16, Maia esteve no programa Roda Viva sendo entrevistado
por vários profissionais ligados ao meio político e jornalístico. Ao ser perguntado
sobre temas polêmicos, que não raras vezes estão no noticiário e sob pressão
para apreciação parlamentear, o novo presidente disser ser, pessoalmente,
contra a legalização das drogas ilícitas, contra o casamento homossexual (mas a
favor da união estável) e afirmou ainda que acerca do aborto a legislação
brasileira já abarca satisfatoriamente os casos necessários (lembrando que no
Brasil é possível o aborto em três casos[2]:
1. Aborto quando a gravidez é fruto
de estupro; 2. Caso a mãe esteja em
risco de morte e, 3. Em caso de feto
comprovadamente anencéfalo).
No
entanto, é de suma importância que todos os brasileiros estejam atentos ao
ocorre no Congresso Nacional (as duas Casas Legislativas), pois as leis ali
produzidas afetam a todos, e como os Deputados são, em tese, representantes do
povo, então deveriam defender o que lhes é mais benéfico [ao povo]. Leis
imorais e contra os princípios cristãos não são aprovadas na calada da noite, o
processo legislativo não funciona assim, mas se não há interesse cristãos, se
ainda mantém a ideia incorreta que política e religião não se misturam podem
colher os frutos da sua indiferença, frutos maus.
Para
os que se opõem à política, é bom lembrar que a liberdade religiosa no Brasil é
fruto, justamente, nos dias atuais, de garantia constitucional (legal):
Art. 5º Todos são iguais perante a
lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
VI - é inviolável a liberdade de
consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a
suas liturgias;
Nem sempre foi assim, pois na Constituição do Império,
de 1824, a religião católica era a religião do Estado, não aceitando-se manifestação pública de outra fé:
Art. 5. A Religião Catholica
Apostolica Romana continuará a ser a Religião do Imperio. Todas as outras
Religiões serão permitidas com seu culto domestico, ou particular em casas para
isso destinadas, sem fórma alguma exterior do Templo.[3]
(redação original)
Cabe
aqui uma lição muito clara e lúcida do Pastor e escritor Silas Daniel. Em sua
excelente obra “A Sedução das Novas Teologias” trata do engajamento popular
junto à política nacional; é um envolvimento para além do simples conhecimento
do que ocorre no Legislativo, portanto, um passo mais além ainda na caminhada:
INFLUÊNCIA
CORRETA E MAIS EFETIVA
Portanto,
em vez de nos preocuparmos apenas em aumentar o número de representantes no
Congresso Nacional para tentar deter leis anticristãs, devemos, cada um de nós,
procurar exercer influência cristã, como sal e luz, nos lugares onde Deus nos
colocou. O que adianta termos 100 represnatnes no Congersso Nacional se a
própria igreja não se engaja pela transformação do país?
Veja
o exemplo de muitos evangélicos
norte-americandos nos Estados Unidos. Em vez de ficarem parados reclamando da aprovação
de leis anticristãs, da escola que só faz ensinar evolucionismo aos filhos, do aumento
da degradaçã moral da sociedade, dos programas de televisão que são péssimos,
eles particpalm de discussões, fazem manifestações públicas, boicotam produtos,
etc. Mas também não estou propondo só isso.
Não
devemos minimizar a importância de termos representantes políticos no Congresso
Nacional, nem demonizar a política (“Política é coisa do diabo”), mas também
não devemos ficar pensando que ter representantes políticos é tudo. Nem devemos
pensar que engajamento é só luta e protesto. O que muda mesmo é a presença
ativa da igerja na sociedade, é ser sal e luz, pregar, evangelizar, ganhar vidas
para Cristo e discipulá-las, é viver uma vida de santidade, viver uma vida
inspiradora e ainda participar, envolver-se, manifestar opinião em toda
oportunidade que surgir.”[4]
Assim,
é bom ficar de olho, dar ouvidos, acompanhar e, na medida do possível,
participar da política, pois determina em muitos aspectos própria vida.
Por
fim, sugiro que não deixe de ver toda a entrevista de Rodrigo Maia, note suas afirmações, entenda um pouco de sua função.
[1] - FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Dicionário da língua portuguesa. 6. ed. Curitiba: Positivo, 2006. p. 640.
[2] -
Para melhor esclarecimento, vide art. 128 do Código Penal e decisão proferida
pelo STF na ADPF – Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n.º 54 ,
na qual ficaram fixados os parâmetros para aborto de feto anencéfalo, além da
Resolução n.º 1989/2012 CFM – Conselho Federal de Medicina (que dispõe sobre o
diagnóstico de anencefalia para antcipação terapêutica do parto).
[3] -
Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao24.htm.
Acessado em 21/07/16.
[4] - DANIEL, Silas. A Sedução das Novas Teologias. Rio de Janeiro. 1ed. CPAD: 2007, pp. 238,239
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